Homilia para a Festa de São Pimen

Metropolita Hierotheos de Nafpaktos e Agios Vlasios, 27 de agosto de 2006

Abba Pimen viveu no séc. V.

São Pimen, comemorado hoje (27 de agosto) por nossa Igreja, pertence ao grandioso coro dos ascetas, os quais existiram como seguidores dos Mártires perseguidos nos primeiros séculos do Cristianismo. Ou seja, quando as perseguições terminaram, o “espírito” do testemunho (i.e., martírio) do Cristianismo manteve-se com os ascetas, os quais tentaram durante toda a vida observar os mandamentos de Cristo, mesmo no grau mais perfeito.

São Pimen nasceu no Egito por volta do ano 340, e desde jovem viveu de forma ascética. Quando completou os quinze anos, partiu rumo à Skete dos Líbios (atual Wadi El Natrun), onde passou a habitar. No início, o santo pareceu “áspero” para com sua mãe, quando a evitou após ela tentar encontrar-se com ele na skete. Entretanto, São Pimen fez isso no contexto do asceticismo, o que foi compreendido por sua mãe, e assim ela se retirou com alegria, mesmo sem tê-lo encontrado. Por sua vez, São Pimen adquiriu o conhecimento de todo o méthodo da vida ascética ortodoxa, tendo sido purificado de suas paixões com muitos feitos espirituais ascéticos, e adquiriu amor (ἀγάπη) por todo o mundo. O amor de São Pimen era proverbial, como mostram suas palavras, que foram preservadas no livro conhecido como Gerontikon.

Mencionarei algumas das coisas que esse grande santo dizia aos seus visitantes, de forma a revelar sua maturidade espiritual.

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Quando um irmão lhe perguntou qual é a fé que purifica o homem das paixões, ele respondeu: “A fé é ser guiado pela humildade (ταπεινοφροσύνη) e [praticar] a misericórdia (ἐλεημοσύνη).” Claro, a fé é a verdade revelada que Cristo deu aos Seus Apóstolos e estes aos seus sucessores, que protegeram a Igreja com os dogmas. Mas aqui se refere à fé empírica, que é a experiência da verdade revelada, que é a humildade e o amor para com os outros.

Um certo irmão tinha pensamentos malignos e queria livrar-se deles. Ele perguntou ao Abba Pimen sobre isso, e ele levou-o para fora, ao ar livre. Disse-lhe o santo que estendesse a mão e apanhasse os ventos — afinal, os pensamentos (λογισμοί) são como os ventos. E quando ele respondeu que não conseguia fazer isso, São Pimen falou: “Se não consegues apanhar os ventos, também não consegues impedir que os pensamentos venham; mas podes resistir-lhes.” Ou seja, não fazer o que os pensamentos te dizem. Quanta verdade está escondida neste conselho de São Pimen e quanto ele nos ajuda, que somos agitados por tantos pensamentos!

Abba Pimen ensinou que os homens podem ser salvos onde quer que estejam, qualquer que seja o trabalho que realizem. Ele disse: “Se três homens estiverem juntos e um deles vive em silêncio —ou seja, segue o méthodo hesicasta—, longe dos homens e orando incessantemente, o outro, que está doente, dá graças a Deus, e o terceiro serve os homens com pensamento puro, sem orgulho nem segundas intenções, então os três exercem a mesma tarefa.” Assim, onde quer que alguém viva e em qualquer situação em que se encontre, pode ser salvo se viver com fé em Deus, amor pelos irmãos e pensamento puro.

Nas lutas espirituais, é necessário haver moderação, não se deve exagerar. Abba Pimen, com a perspicácia que o caracterizava (por isso foi chamado de “lamparina da perspicácia”, resultado de sua longa luta contra as paixões e o diabo), disse certa vez: “Tudo o que é em excesso é do demônio.” Ou seja, tudo o que excede a moderação é do demônio. O homem, tanto no pecado como na sua luta espiritual, deve distinguir-se pela moderação, não se deixando dominar nem pela desesperança, nem pela soberba. Os excessos são sempre perigosos.

Abba Pimen dava grande importância ao arrependimento (μετάνοια) do homem. Ele conhecia a fragilidade da natureza humana e sabia que o homem peca sob a influência do diabo e o cativeiro da sua vontade, e por isso demonstrava grande amor pelos pecadores e os aconselhava a se arrependerem. A um irmão que lhe perguntou o que significa arrepender-se do pecado, ele respondeu: “[Arrepender-se] é não cometer [o pecado] no futuro. Por isso os justos foram chamados de irrepreensíveis, porque abandonaram os pecados e se tornaram justos.”

Uma característica marcante do grande amor de São Pimen pelos homens é a resposta que ele deu a alguns irmãos que lhe perguntaram se deveriam despertar os irmãos que caíam no sono durante as sinaxes (assembleias). Ele disse: “Eu, pelo menos, se vejo um irmão a dormir, coloco sua cabeça em meus joelhos para que repouse.”

Tal era o coração compassivo por todo o mundo do Abba Pimen, e isso era resultado de sua pureza interior, da transformação das paixões em amor a Deus e aos irmãos. Por isso os hinógrafos o chamam de “cidadão entre os Anjos e seu interlocutor”, “habitante da excelsa metrópole”, “morada das virtudes” e “mestre do deserto”.

Que tenhamos as suas bênçãos e suas intercessões junto a Deus.

☦️ HIEROTHEOS de Nafpaktos e Agios Blasios

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Da 123.ª edição do Jornal da Metrópole de Nafpaktos (em grego).