Um dia de jejum: Homilia para a Festa da Decapitação de São João Batista
- Resposta Ortodoxa
- 29 de ago.
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Metropolita Hierotheos de Nafpaktos e Agios Vlasios, 29 de agosto de 2014

No final da Grande Synaptis (também conhecida como “Grande Litania” ou “Eirinika”), após termos comemorado a Panagia e todos os Santos, nosso Padre exorta-nos a encomendarmos nossa vida ao Cristo Theanthropo (Deus-Homem). Já falamos sobre a Virgem Maria numa homilia anterior. Hoje vamos nos concentrar na frase “com todos os Santos” e, por ocasião da festa da Decapitação de São João, o Batista e Precursor, referir-nos-emos a ele, que está entre os Santos.
São João Batista recebeu o nome de João (Ἰωάννης), que significa “dom de Deus”, e esse nome foi dado a ele pelo próprio Deus. Ele é chamado de Precursor (Πρόδρομος), porque precedeu a Cristo e preparou o caminho para a Sua obra. Ele é caracterizado como Batista (Βαπτιστής), porque foi digno de batizar a Cristo nas águas do rio Jordão. Trata-se de uma grande personalidade que foi elogiada pelo próprio Cristo, que disse: “Não se levantou, entre os que têm nascido de mulher, alguém maior que João, o Batista” (Mateus 11:11).
O que observamos no Venerável Precursor é que, ao mesmo tempo, ele é o último Profeta do Antigo Testamento e o primeiro Profeta do Novo Testamento, ou seja, ele se encontrava na transição entre a Antiga e a Nova Aliança. Ele é um elo maravilhoso entre os Profetas e os Apóstolos.
A sua pregação não diferia da pregação dos Profetas e do Cristo, uma vez que era uma pregação de arrependimento (μετάνοια). Ele dizia: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 3:2). O Reino dos Céus é a Graça divina, a revelação de Cristo como Luz e a participação e comunhão do homem com a Luz. O arrependimento é uma condição prévia para a comunhão com Deus. Este é o cerne da pregação da Igreja — não palavras vazias, não filosofias e reflexões, mas a indicação do modo como alguém pode unir-se a Deus.
Além disso, o que admiramos em São João Batista é que ele era um pregador da verdade (ἀλήθεια), homiliava sobre Cristo, que é a Verdade, e conduzia o povo à Verdade. As suas palavras não eram superficiais, conciliatórias ou falsas. Ele repreendia os homens que se aproximavam dele e até mesmo Herodes, indicando-lhes o caminho reto, a restauração da justiça, e o alinhamento de suas vidas com a Lei de Deus. É claro que isso teve consequências para ele próprio, a saber: a prisão, a decapitação e a morte.
Com sua pregação sobre o arrependimento e a verdade, o Precursor foi glorificado e passou para a história, sendo honrado por todos os Cristãos. Certo monge athonita disse uma vez que o falso, mesmo quando está unido, na realidade está separado — enquanto o verdadeiro, mesmo quando está separado, está unido. Vemos isso na vida dos Santos e, naturalmente, na vida do Venerável Precursor. Ele era verdadeiro, estava ligado à Verdade, Cristo, falava com verdade e até hoje vive com verdade e realidade nos corações de todos os Cristãos, apesar de não estar vivo biologicamente. Quantas igrejas foram erguidas em seu nome! Hoje, todos nós, Cristãos, jejuamos rigorosamente e assim honramos o Venerável Precursor.
Devemos ser pessoas da verdade e não da falsidade. Da simplicidade, e não da duplicidade e da hipocrisia. O Venerável Precursor, depois da Panagia, tem grande confiança diante de Cristo, e é por isso que devemos invocar as suas intercessões e imitar o seu exemplo.
☦️ HIEROTHEOS de Nafpaktos e Agios Blasios
Da 168.ª edição do Jornal da Metrópole de Nafpaktos (em grego).
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