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A Igreja Substituiu Israel?

  • Foto do escritor: Resposta Ortodoxa
    Resposta Ortodoxa
  • 31 de dez. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de jun.




De forma confusa, os seguidores do movimento moderno chamado dispensacionalismo, tendem a se referir ao ensinamento cristão clássico como "teologia da substituição". Diferente do que muitos imaginam, o dispensacionalismo é uma perspectiva nova, nasce em meados do século XIX através de seu criador, John Darby. O dispensacionalismo cria uma nova interpretação escatológica e promove uma distinção entre Israel e a Igreja, como se existissem agora dois povos escolhidos. Isso é lamentável, pois deturpa totalmente o que os cristãos têm ensinado historicamente sobre Israel e a Igreja, contraria tudo o que foi crido pela Igreja e pelas confissões que surgiram posteriormente, inclusive, os primeiros reformadores.

 

Em toda a Torá, encontramos referências ao Qahal YHWH, geralmente traduzido como a assembleia ou congregação do Senhor (por exemplo, Números 14.5). O Qahal YHWH não era a etnia total dos hebreus; somente aqueles que eram admitidos na comunidade de adoração centralizada no tabernáculo de YHWH. Nem todos em Israel eram admitidos nessa assembleia (Deuteronômio 23.1-8).


No século III a.C., os tradutores judeus da Septuaginta geralmente traduziam qahal com a palavra grega ekklesia, que significava praticamente a mesma coisa. (O livro hebraico intitulado Qoheleth, "o Pregador", ainda é conhecido por seu nome grego "Eclesiastes").

 

Antecedente histórico: Os gregos usavam ekklesia para se referir a um grupo com autoridade e um propósito unificador, por exemplo, uma assembleia governamental autorizada ("assembleia devidamente convocada").


O antigo historiador grego Xenofonte descreve um grupo convocado para tomar uma decisão sobre os pedidos dos embaixadores durante a guerra, chamando-os de ekkletos (convocados). A assembleia de pagãos em Éfeso é chamada de ekklesia em Atos 19.32. Uma ekklesia era convocada quando decisões ou julgamentos oficiais tinham de ser feitos. Presidindo a ekklesia estava um supervisor, ou episkopos.


No século V a. C a polis de Atenas introduziu uma nova forma de governo, a democracia. Tratava-se de uma democracia direta na qual todos os cidadãos livres participavam das decisões públicas e por isso se reuniam em uma assembleia ou ekklesia.


Já na época de Cristo, havia três instituições em Israel: o templo, a sinagoga e a ekklesia. As duas primeiras tinham um caráter religioso e correspondiam a uma construção concreta. No entanto, a terceira se referia a uma assembleia de cidadãos e esta por sua vez não tinha relação com nenhuma edificação religiosa.

 

Na língua portuguesa, a palavra "Igreja" tem origem também em ekklesia, que quer dizer uma assembleia de cidadãos livres. O termo foi adotado pelos autores do Novo Testamento e empregado para se referir a uma Nova Aliança do povo de Deus.


Novamente, nas escrituras, a ekklesia nunca foi toda a descendência de Israel, mas sim os que eram fiéis a YHWH. Em alguns períodos, esse remanescente era muito pequeno: às vezes, havia até ídolos pagãos no portão e dentro do templo, e Elias acreditou por um tempo que ele era o único adorador de YHWH que havia restado em Israel. (II Reis 23.11; II Crônicas 33.1-7; I Reis 19.10)

 

Quando o Deus de Israel finalmente apareceu em carne e osso, milhares de fiéis O reconheceram como Senhor. Aqueles que acreditaram em seu Deus quando Ele apareceu ainda eram a qahal, a ekklesia, como sempre haviam sido. A eles foram rapidamente acrescentados muitos gentios convertidos, até que, em uma geração, os membros judeus da ekklesia se tornaram uma minoria.

 

Ao mesmo tempo, quando o Deus de Israel apareceu em carne e osso, houve descendentes de Israel que não O receberam. Paulo escreve que a incredulidade deles os separa da Fonte da vida, assim como a fidelidade dos que creem os une a Ele (Romanos 11.16-24). Com isso, ele ecoa o ensinamento de Cristo sobre a união do crente com Deus por meio da fé e o afastamento dos infiéis (João 15.1-10). Pela incredulidade, aqueles que não acreditaram em seu Deus quando Ele apareceu, colocaram-se fora das promessas feitas a Abraão para sua descendência fiel: a ekklesia.

 

Conclusão


Em nenhum momento a Ekklesia "substituiu" Israel. A premissa está errada, pois, não há substituição, mas uma continuação e um cumprimento na Nova Aliança. As promessas feitas a Abraão foram sempre para seus descendentes que creram. Como disse o maior dos profetas:

"Não pensai em dizer dentro de vós mesmos: Temos a Abraão por nosso pai, pois eu vos digo que Deus pode, destas pedras, levantar filhos a Abraão." (Mateus 3.9)

 

A ekklesia sempre foi o remanescente crente, os fiéis ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, tanto os nascidos na família de Abraão quanto os convertidos entre os gentios.

 



Fonte:

Did the Church replace Israel? - Silouan

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