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Páscoa – A Ressurreição e o Oitavo Dia

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    Resposta Ortodoxa
  • há 5 dias
  • 4 min de leitura


Por Padre Andrey Tkachev


A Igreja preserva sua identidade com perfeição. Os 2.000 anos que se passaram não conseguiram mudar o Evangelho. Ele permanece a mesma boa nova e a mensagem brilhante de Deus dirigida às pessoas. Às vezes, parece-nos que o rito substituiu a fé, que tropeçamos nas tradições do passado, que a vida da Igreja se obscureceu como a imagem do ícone milagroso e foi coberta com uma espessa capa. Mas então chega o dia da Páscoa e faz com que todas as dúvidas e medos desapareçam. Qualquer dualismo da alma e qualquer blasfêmia contra a Verdade desaparecem ao som dos sinos pascais e dos cânticos vitoriosos de "Cristo Ressuscitou!".

 

Não devemos viver apenas uma semana por ano com esta alegria pascal. Precisamos capturá-la e conservá-la, assim como Eliseu, o discípulo do profeta Elias, fez quando segurou o manto de Elias em suas mãos.

 

A Igreja estende o cordão da Páscoa durante todo o ano para que possamos seguir o mandamento do Apóstolo Paulo: "Alegrai-vos sempre". E há laços nesse cordão, que são os domingos. É uma Páscoa menor; uma antipáscoa, não no sentido de "contra", mas no sentido de "no lugar". É claro que, quando os Apóstolos Pedro e Paulo estavam vivos, a Igreja não celebrava a festa dos Louvados Líderes dos Apóstolos. Enquanto a Mãe de Deus ainda estava viva, não havia festa da Dormição. O que a Igreja tinha, quando não havia Dormição, Intercessão, Entrada no Templo e os dias festivos dos Apóstolos? A Igreja tinha o domingo. É a primeira festa da nova humanidade, graças à qual nossa conexão com a Igreja primitiva e o berço permanece firme e não se rompe.

 



O mundo é composto por sete dias (semana). O número seis aponta para o mundo criado, enquanto o número sete nos lembra que o mundo criado é abençoado. Aqui reside a chave para a compreensão do significado das celebrações do sábado.


No sétimo dia, que é o sábado, Deus abençoou tudo o que havia criado. Assim, no sábado, o homem tinha que descansar do seu trabalho diário, refletir sobre a obra do Criador e glorificá-Lo pela perfeição com que Ele organizou tudo. Supunha-se que no sábado o homem não revelasse seu poder sobre o mundo criado: ele deveria passar o dia sem cavar, cortar ou acender fogo. Esse dia deveria ser preenchido com oração, descanso e pensamentos sobre Deus. No entanto, o homem pecou e foi vítima do sedutor. Ele precisava ser salvo do pecado. O sábado não pôde salvar o homem, pois estava ali apenas para sustentar sua vida espiritual. Cristo curou a humanidade e fez isso no domingo, o primeiro dia da semana.

 

A redenção do mundo é um exemplo ainda maior de amor do que a sua criação. O fato de Deus ter criado facilmente um mundo belo e incomparável demonstra que Ele é Todo-Poderoso e sábio. Ao mesmo tempo, o fato de Ele ter enviado Seu único Filho para salvar o mundo demonstra Seu amor. O que devemos fazer então? Por que devemos amar a Deus mais? Por Sua onipotência ou por Seu amor por nós, criaturas caídas? A Igreja afirma: por Seu amor. A Igreja não cancela o sábado, mas o chama de dia festivo e o preenche com orações.


No entanto, a Igreja coloca o domingo, o primeiro dia da semana, acima do sábado. Nós o celebramos com mais paixão, porque é nosso lembrete constante dAquele que nos ama e se sacrificou por nós.

 



O domingo é o primeiro e o oitavo dia da semana ao mesmo tempo. É o primeiro dia em termos do ciclo semanal e torna-se o oitavo dia quando quebra o ciclo e o ultrapassa.


Naquele primeiro dia, Deus criou a luz e a separou das trevas. É uma alegria vermos a semelhança entre este dia e o dia da Ressurreição. A questão é que Cristo Ressuscitado derrotou as trevas. Ele as tornou visíveis e permitiu que o homem saísse delas e entrasse na luz. No que diz respeito ao oitavo dia, a celebração litúrgica dominical nos transforma em participantes da eternidade abençoada, a festa perpétua descrita no Evangelho.


Os Santos Padres se referiam a ele como o oitavo dia. O sétimo dia é quando Deus não cria nada de novo e governa o que já foi criado. Com a vinda de Cristo e Seu justo Juízo, um novo dia virá – o oitavo dia – e o Reino dos Céus, para o qual não haverá fim. A celebração dominical une os dois extremos da história – seu início artístico e seu fim dramático. Toda a beleza desta refeição teológica está aberta a qualquer pessoa que participe da oração dominical.

 

A propósito, a Ressurreição de Cristo é a oitava ressurreição na Bíblia, e a primeira em seu significado. Antes dela, houve três ressurreições no Antigo Testamento: Elias e Eliseu ressuscitaram os adolescentes, e um homem morto reviveu após ter caído sobre os ossos de Eliseu. No Novo Testamento, o Senhor ressuscitou o filho da viúva, a filha de Jairo e Lázaro. A sétima ressurreição foi a ressurreição de muitos santos em Jerusalém durante os sofrimentos do Salvador na cruz (Mateus 27:52-53).


O próprio Senhor foi a oitava. Mas que tipo de ressurreição foi essa? Ele ressuscitou para a vida eterna e perpétua, sobre a qual a morte não tem poder. Todas as pessoas que haviam ressuscitado antes morreram mais tarde, porque sua natureza não foi transfigurada. Somente o Senhor abriu as portas da Eternidade para nós com Sua vitória total sobre a morte. Portanto, verifica-se que Sua Ressurreição é a oitava em sua ordem e a primeira em seu significado. O mesmo acontece com o Seu dia, o dia do Senhor.




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